domingo, 15 de abril de 2012

Sobre a abominável falta de fé

Tenho lido muito esses tempos e também vi algumas coisas. Um mundo, nunca antes visto. Orações não são mais importantes, não existe nem um céu e pior, um inferno. Nada em cima, nada abaixo. Apenas, eu. Aqui. Agora. Na busca da utópica felicidade. Na busca de um mundo de amor. Não preciso de um Deus pra gostar das pessoas. Não preciso de um Deus pra ser uma pessoa boa. Não tenho medo de inferno, não quero uma recompensa depois da morte. Quero o que eu mereço. Um descanso. Um fim! Toda as histórias do mundo tem um fim. E por que a minha seria diferente?

Meu medo egoísta e meu medo fraternal foram embora. Como uma coisa que eu amo tanto pode ser condenado a um lugar de fogo e violência? Não existe amor em algo que você não conhece, não existe amor em algo que você nunca viu. Mas existe um amor. Aquele que eu sinto pelos que me deram a vida ou os que me dão vida. Eu sou apenas um aprendiz do imagine. Não sou pecador, sou humano, que erra, tenta consertar e se fode.

De agora em diante, vou deixar de falar sozinho, vou fazer alguma coisa, ou ter a certeza de que não fiz nada. E se me perguntarem se tenho medo da morte: Vou dizer que não a quero, mas não a temo. Sou de carne, osso, outras coisas nojentas e pensamento, sentimentos, músicas, filmes, livros, pessoas, caras e situações.

Os julgamentos são os piores. Que eu sou uma pessoa ruim, que eu não conheço, que eu nunca li. Haa... queridos... Eu já li tanto!

sexta-feira, 6 de abril de 2012

As Crônicas de Gelo e Fogo - A Guerra dos Tronos

Cresci lendo Harry Potter. Sou mais um daqueles caras clichês que acompanharam o crescimento do personagem, da história e dos atores. Lia compulsivamente os livros e assistia, eloquentemente, os filmes. Realmente marcou a minha vida. E eis que quando a história acabou, me deparo com uma série da HBO, Guerra dos Tronos. O canal televisivo foi o que me motivou a ver o folhetim, afinal, a HBO é a responsável por várias das melhores séries dos últimos anos (Ex: The Pacific e True Blood).

Assisti. Que seriado foda! Resolvo então lê-lo. Confesso que deu um certo medo acompanhar o primeiro livro das Crônicas de Gelo e Fogo, eram mais de 550 páginas e o menor dos outros 6 que ainda preciso ler. 

Guerra dos Tronos, o primeiro da série, é um livro sensacional. A obra gira em torno de Eddard Stark, Senhor de Winterfell, quando é convidado pelo rei a ser sua mão, maior cargo da hierarquia depois dele. Resolvido a não aceitar, Stark é contrariado ao descobrir sobre a suspeitosa morte da antiga mão, que o fez seguir o rei para corte real. 

George R. R. Martin trouxe uma história complexa, bem elaborada e criativa. Com muitos personagens, que as vezes nos confundem. Mas, em momento algum, se torna chato. E mesmo tendo visto a série, anteriormente, a emoção não foi afetada. Aconselho, qualquer um, a ler também. É uma outra sensação. Cinema (TV) e literatura são plataformas distintas e adoráveis.

As Crônicas de Gelo e Fogo é uma série de fantasia. Mas, segue uma tendência do realismo fantástico moderno: a humanização dos personagens. Assim como os quadrinhos, A guerra dos Tronos, traz figuras anti-heroicas, ou seja, nenhum personagem é completamente bom ou ruim. O maniqueísmo, comum nas histórias infantis, é deixado de lado. 

Guerra, violência, sexo, disputas por poder e traição tem deixado cada vez mais distante a cultura Geek do universo infantil. Batman de Nolan é, por exemplo, um produto pra adultos, diferente do Batman de Burton, assim como Senhor dos Anéis para As Crônicas de Gelo e Fogo. (Mas isso é outra postagem...). 

Cheia de pontos de virada incríveis, que faz qualquer um se envolver em uma relação de amor e ódio com a história e sempre nos contrariando, As Crônicas de Gelo e Fogo - A Guerra dos Tronos é um dos melhores livros de fantasia de todos os tempos, ou o melhor de todos (incluindo melhor que o Senhor dos Anéis).


Produções sergipanas #1

Uma cena do audiovisual tem se fortalecido, cada vez mais, em Sergipe. Principalmente dos alunos do curso da UFS, na qual também sou estudante. De agora em diante, as produções sergipanas, vão ter o seu espaço aqui no blog, como mais uma ferramenta de divulgação. Esses dois primeiros aqui postados, são produções minhas, com dois colegas (Luan e Priscila). Adianto que não são boas, mas são com essa experiencia de erros, que espero um dia chegar aos acertos.

Esse primeiro é um curta chamado 03:33

 

Esse segundo é uma animação, feita a partir de imagens de jogos. O tema era limitado e o roteiro ficou bem clichê. E tem as vozes, minha e do meu colega. Eu sou o Doutor maluco. Talvez, ainda haja tempo!

 

domingo, 1 de abril de 2012

Cálice, Criolo e Chico!

Estamos em uma fase de muita qualidade na música brasileira. Uma relação de bons nomes surgiram na mídia no ano de 2011 e começo 2012. Acho que não temos um cenário tão bacana assim desde o inicio da ditadura militar com Chico, Caetano e a Tropicália e os anos de 80 e 90 com as bandas de rock mais sensacionais que já se ouviram falar.

É sério, essa nova leva de músicos deixa qualquer um orgulhoso. A "New MPB Hipster brasileira", como costumo chamar, é incrível. Nomes como Marcelo Camelo, Mallu Magalhães, Cícero, Karina Buh, Tulipa Ruiz e tantos outros, trouxeram, com influências da MPB, do brega, da Bossa Nova e do Rock, trabalhos excelentes!

No Rap, chegaram os grandes Criolo, no qual essa postagem irá se dedicar, Emicida, e o, ainda pouco conhecido, Projota. Até o Tecnobrega tem trabalhos interessantes da Banda UÓ e da Beyonce do Pará, Gaby Amarantos. Com pegadas na cultura popular e de raiz, misturado com o brega moderna e a batida eletrônica. Sem falar das bandas de rock do cenário alternativo (teria que ser outro post dedicado só a isso).

Mas como eu estava dizendo, essa postagem eu quero empenhar na versão do Criolo da música "Cálice" de Chico Buarque, outro com um ótimo disco lançado em 2011.

Em um dia comum, Criolo improvisou uma versão da música, atualizou a letra a realidade contemporânea, com as péssimas situações da PM, da imprensa manipuladora, da pobreza e da "ditadura" que ainda nos cerca com a sua Censura. Pediu prum amigo gravar e postou no Youtube:


 


E eis que Chico, que agora tá ligado com a "interneta", vê o vídeo e:


  


E tem também Criolo com Caetano no VMB de 2011, com a música "Não existe amor em SP".

C.R.A.Z.Y. - Loucos de amor (2005)



A grande maioria das produções audiovisuais do mundo dão superficialidade aos dramas familiares. Vamos pegar como exemplo a TV brasileira. É comum, em nossas novelas, o dramalhão rolar solta, principalmente aqueles casos em que o pai não aceita o namorado “pobretão” da filha. É grotesco! 

Por outra linha de pensamento temos “C.R.A.Z.Y. – Loucos de amor”, produção canadense de 2005. Nele é contada a faixa da vida de Zac, que percorre o seu nascimento até os seus vinte e poucos anos.  Sendo dividida em três partes: a infância (6 e 7 anos), a adolescência (15 anos) e a entrada para a fase adulta (20 anos). 

O conflito já aparece a partir do primeiro minuto de filme. O rapaz nasce no dia 25 de dezembro e por toda a sua vida tem que carregar o fardo de seu aniversário acontecer na ceia de natal, onde toda a sua família se reúne e onde acontece a lavação de roupa suja deles. E ainda tem que aguentar o fato de sua mãe achar que ele é um escolhido de Deus com poderes de cura.  Filho de pais cristãos e conservadores, Zac enfrenta, desde os seus primeiros anos, a pressão destes ideais em sua vida. Durante a infância, as coisas parecem ser menos complicadas, ele encara apenas as diferenças de gosto com o pai, que acaba reprimindo algumas de suas vontades. Já na adolescência as coisas começam a complicar. As descobertas sexuais acontecem e é o principal ponto, que faz ele se afastar do patriarca. Esse período é o mais confuso da sua vida, além do fato de família não aceitar a sua sexualidade, ele próprio não consegue e acaba reagindo de forma agressiva consigo mesmo. Mas, por mais que a trama aconteça por volta desse conflito, ele é apenas mais um drama de uma complexa cadeia de histórias que tornam o filme completo.



 


O problema do irmão mais velho com toda a família e com ele, que resulta em uma confusa relação de amor e ódio; a religião e o conservadorismo da sociedade faz com que qualquer um acabe se identificando com esses personagens e principalmente com o Zac, não só pela história como também a forma em que ela é contada. Na infância, por exemplo, a imaginação se confunde com a realidade. Na juventude isso também acontece, mas neste período da vida o que mais parece ser relevante é o envolvimento do personagem com a música e a confusão entre a ação e o desejo do mesmo em suas atitudes. E na maturidade a sensação é de liberdade com a viagem a Jerusalém. Outro ponto relevante que ajuda no processo de identificação do espectador com o filme, é o fato de que os personagens, apesar de serem um contraponto do protagonista, não são vilões ou algo tipo, são seres complexos e humanos.

Não posso deixar de elogiar a trilha sonora envolvente e que dá ainda mais sentimento ao longa, não é à toa que “Space Oddity” do David Bowie está nela!