segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Em pleno século XXI ainda precisamos responder: Direitos humanos são aqueles que protegem bandidos?

A evolução da humanidade como sociedade organizada tem relação íntima com a luta pelos direitos humanos. Foi esse processo de muitas datas que hoje podem garantir direitos mínimos a toda e qualquer pessoa. Para a sociedade, essas garantias, devem ser motivos de alegria, afinal estamos falando do direito de ser, de viver, das liberdades de pensamento, de crença e de expressão. Também estamos falando de democracia, não existe uma sociedade democrática se não há a garantia dos direitos humanos. De dignidade, direito ao trabalho, à educação, à saúde e à moradia. Infelizmente essa luta ainda não acabou. Em pleno século XXI ainda precisamos do empenho de muita gente para progredir como sociedade de direitos.

Na minha infância eu sempre acreditei que a humanidade vivia em progresso. Seja o que for, aconteça o que aconteça, as coisas mudavam e para melhor. Isso era certo para mim. Porém, infelizmente, a minha entrada no mundo adulto me provou outra coisa. As coisas podem piorar e a roda da evolução pode retroceder. Isso fica claro quando sujeitos como Silas Malafaia e Bolsonaro ganham visibilidade, quando discursos de “bandido bom é bandido morto” e “direitos humanos para humanos direitos” são repetidos sem reflexão, quando uma juventude universitária ganha uma ideologia reacionária e de ódio. Afinal, pra que (m) serve teu conhecimento?

Pixação nos muros da Universidade Federal de Sergipe (UFS) – Aracaju – SE

Essa juventude entende que a retirada de direitos de alguns é importante para que eles aprendam e se concertem, enxergam que o jovem que está na criminalidade é um vagabundo, um caso sem relação com a estrutura de sociedade que vivemos, tem visão maquiavélica, onde o mal são os “outros” e o bem somos “nós”. Mas quem somos “nós”? Quem são os “outros”?

Os “outros” são aqueles que durante toda a sua vida foram retirados seus direitos, os “outros” são aqueles sem dignidade, aqueles que não se enxergam entre “nós”, aquele que “nós” separamos com um muro, excluídos, aquele que “nós” olhamos feio quando está por perto. Infelizmente, a nossa sociedade é construída na base da indiferença. E é esse tipo de mentalidade que precisamos aprofundar. Retirar direitos para aprender a se colocar no seu lugar ou garantir direitos para uma sociedade melhor e mais igualitária?


Que aqui fica bem claro não ser um texto maquiavélico, como já dito antes. Ninguém aqui, em sã consciência, acredita que a retirada de direitos provocada pelo “outro” seja encorajada. A intenção é refletir sobre a estrutura de sociedade que vivemos e como essa estrutura precisa ser revolucionada para uma sociedade melhor. Deixo aqui a reflexão, da importância de romper com o olhar da tradição, da importância de não naturalizar nem legitimar ações de ódio, da importância de ajudar na construção dessa sociedade. Ela é possível!